Uma opinião de quem achava que a saga era genuinamente filme de terror
Por Carol Silva

Algo que eu amo fazer é assistir filmes com temas específicos ou sagas. Não assisto apenas um, mas vários. Como exemplos recentes, assisti diversos filmes do diretor Wes Anderson (“O Grande Hotel Budapeste”, 2014), estou terminando os filmes da Pixar e já estou saindo do mundo de filmes antigos. Tenho uma paixão por encontrar motivos para interligar filmes.
Neste mês de outubro é comemorado o Halloween, nada mais que um feriado americano que acontece na véspera da festa cristã ocidental do Dia de Todos os Santos. A questão aqui é que além de nunca ter comemorado essa data vivendo como uma brasileira, eu não gosto de filmes de terror, a não ser específicos psicológicos. Lembrei então do bruxinho inglês mais famoso de todos e decidi maratonar toda a saga Harry Potter, afinal, é o dia das bruxas!
Só vi os filmes depois de adulta, durante a pandemia, com muito tempo livre em casa. Na época, achava que eram de terror, pois quando era criança assisti apenas o quarto filme na casa dos meus primos, e me assustei. Qual não foi minha surpresa ao encontrar uma história sobre amor, principalmente fraterno!
Cada filme trouxe maior significado à amizade. Imagino como deve ser incrível ser criança e brincar de mundo mágico! É algo que quando tiver filhos, com certeza será apresentado a eles, assim como As Crônicas de Nárnia, O Senhor dos Anéis e Star Wars. Todos estes filmes apresentam ótimas lições do que é o mal, bom, correto ou incorreto.
Em Harry Potter, o motivo de Lorde Voldemort querer que ocorra uma guerra é o fato dele se sentir um ser superior e querer destruir os “Trouxas”, ou seja, seres não mágicos. Uma atitude obviamente racista! Mostra para quem não teve esse aprendizado em casa motivos para não repetir uma atitude assim.
Me surpreendi com a quantidade de demonstrações de afeto ao querido Harry, algo que ele nunca teve em sua vida, mas que desde o aparecimento de Hagrid, o (meio) gigante, ele sente arder em sua pele. Imagine receber apenas com 11 anos seu primeiro bolo de aniversário? Ou o primeiro abraço carregado de amor quando criança?

Os anos passam, as crianças de 11 anos vão crescendo e mais um ponto me chama atenção. Nos últimos filmes da série, o trio de ouro – Harry, Hermione e Rony – se despede da escola de uma maneira que reflete o legado do diretor Dumbledore. Em vez de inspirar outras crianças a deixarem a escola, suas escolhas e experiências ressaltam a importância de permanecer e enfrentar desafios. Essa jornada mostra como eles seguem os princípios de Dumbledore, enfatizando a coragem, a amizade e o crescimento pessoal ao longo do caminho. O foco está em como suas decisões moldam o futuro, tanto para eles quanto para os que ficam.

É um momento de tensão, sensação de desamparo e necessidade de fortalecer os laços que não são normais para adolescentes, mas que enfrentam com muita coragem. Não tem o controle, não tem um mapa, apenas a certeza de que Dumbledore estava falando a verdade. Quantas pessoas na vida real conseguiram demonstrar tamanha força de vontade e maturidade que os três adolescentes?
Espero que muitas pessoas ainda conheçam a saga e reconheçam seu valor, não como filmes de terror como eu sempre pensei, mas como entretenimento com lições que ficam para a vida.
*Imagens: Reprodução/ Warner Bros. Pictures